O GLOBO, 12.12.08, p. 7 – Opinião
NELSON MOTTA
Nunca na história deste planeta a arte e o entretenimento sofreram tão dramáticas transformações. E, desta vez, movidas menos por correntes de pensamento, movimentos sociais ou tendências de comportamento, do que pela tecnologia.
A internet e o mundo digital escancararam liberdades e possibilidades que mesmo as utopias artísticas mais delirantes jamais ousaram sonhar. Enquanto isso, na boa e velha literatura, esses efeitos foram mínimos. Graças a um design original perfeito, o livro de papel se tornou um dos objetos mais simples e úteis voda civilização: um insuperável hardware multiuso. Ao contrário das artes visuais e sonoras, onde os novos formatos e tecnologias se sucedem, vertiginosos, no mundo da palavra escrita só agora as primeiras telas digitais de leitura começam a conquistar leitores, lentamente, como se vira uma página.
O cheiro do papel, a textura, a “amassabilidade” do livro, a vibração colorida da capa resistem nos sentidos do leitor. Mas nos textos, além de hoje serem chamados de conteúdo, quasenada mudou na era digital. A linguagem pouco se modificou, apesar da enganação de se atribuir a textos coloquiais publicados em blogs, e só por isso, uma “modernidade automática”.
Embora pareçam remixes de velhos estilos, beat generation, nouveau roman, new journalism e poetas marginais. Desses novos formatos, o audiolivro é o que parece ter mais futuro. No conforto do ipod, no laptop, no tocador de CD de casa ou do carro, no walkman, o autor ou um artista famoso lê a história para vodaindevidacê, pela
metade do preço do livro de papel. Ou por um terço, se você fizer o download pago.
Com essas novas possibilidades de expressão da mídia digital, a linguagem também pode evoluir muito. Agora é possível escrever uma história não mais para ser lida, mas para ser ouvida, com pausas, entonações, emoções, intenções, sotaques. Melhor ainda, pode-se usar vários atores — como numa leitura teatral — para interpretar diversos personagens. E ainda acrescentar som ambiente, ruídos, músicas, climas sonoros, fazendo do “livro multimídia”…
êpa! uma novela de rádio dos anos 50.
Boa noite, Rodrigo!
Ótima dica! Desconhecia a existência de lojas semelhantes.
Obrigado pela visita,
Eduardo.