Biblioteca escolar

Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 4536/08, que dá prazo
de cinco anos para que todas as escolas públicas e privadas do País
tenham bibliotecas. O projeto do deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR)
considera como acervo ideal a média de três livros por aluno
matriculado, mas não fixa prazo para essa meta ser alcançada. Sejam
obrigatórias ou não, o fato é que as bibliotecas auxiliam no estudo e
aproximam escola e aluno. Confira nesta reportagem detalhes de como
montar uma biblioteca para instituições de ensino, tornando-as mais
atrativas e estimulando a leitura.

Para criar um espaço de troca de conhecimento e tornar os
alunos assíduos, a escola pode apostar em algumas estratégias. A
biblioteconomista Andrea de Oliveira Alves, de São Paulo (SP), afirma
que o processo começa com a análise da faixa etária do público e de
suas necessidades. É preciso verificar o perfil dos alunos: a classe
socioeconômica, o nível de escolaridade e se há estudantes deficientes
visuais ou motores.

É preciso contratar uma pessoa para organizar esse local
dentro da instituição. “O bibliotecário é o mais apto para analisar o
público e possui códigos para catalogação e classificação do acervo”,
afirma Andrea. Também são funções desse profissional: desenvolver uma
política de coleção de acervo e usá-la constantemente, organizar os
materiais para que sejam encontrados posteriormente, elaborar e usar
vocabulário controlado de acordo com seus usuários e prestar o suporte
necessário na referência ao usuário, ajudando-o a desenvolver
estratégias de pesquisa. “O bibliotecário também é o mais hábil para
contornar qualquer problema relacionado à falta de estrutura ou de
instrumentos para a execução do seu trabalho. Na falta de um código de
catalogação, por exemplo, ele é capaz de criar um que lhe atenda e
sirva aos frequentadores da biblioteca”, esclarece a biblioteconomista.

Os livros devem atender as necessidades dos alunos: não
existem modelos de bibliotecas prontos. Tudo depende da realidade do
público, porém, tratando-se de uma biblioteca escolar, é indispensável
que existam livros didáticos e de literatura, de acordo com a faixa
etária dos estudantes, para que sirvam de apoio e incentivo à
instrução do aluno.

O acesso à informação não pode ser limitado apenas a
livros e materiais impressos. “Há diversos suportes que permitem uma
maior interação do usuário com a informação, tornando-a mais atrativa,
como suportes virtuais (acessíveis por computador), auditivos e
visuais, como CDs de música e filmes em DVDs”, ressalta a
biblioteconomista.

Caso exista fácil acesso a computadores e à internet, a
biblioteca do colégio pode incluir em seu acervo materiais cujos
direitos autorais já estão em domínio público. A busca pode ser feita,
por exemplo, pelo site Domínio Público (www.dominiopublico

.gov.br).

A biblioteca iniciante também pode contar com o programa
do governo federal de criação desses espaços, disponível no site do
Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas da Biblioteca Nacional
(www.bn.br/snbp). O sistema é válido também para escolas públicas.

O Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) sugere que o
espaço destinado aos livros seja “aconchegante, iluminado, arejado e
tranquilo, permitindo aos frequentadores discutirem e trocar
experiências sem atrapalhar os usuários que precisam de silêncio”.
Área para leitura e cabines individuais ou para grupos também são
recomendadas. Como muitas bibliotecas não dispõem de espaço adequado
sequer para seu acervo, o CFB indica que o bibliotecário estabeleça
horários para estudos em grupo e individuais.

O estudante também deve se sentir confortável, seja no
chão – com tapetes, pufes e almofadas – ou em mesas e cadeiras. As
estantes pecisam ser acessíveis e de materiais resistentes. Se forem
de madeira, com tratamento contra cupins e outras pragas que podem
atacar os livros. É indicado que as prateleiras sejam móveis, para que
se adequem ao tamanho dos livros e, assim, proporcionem um melhor
aproveitamento do espaço.

A especialista Andrea ainda defende o uso de softwares de
gerenciamento que facilitam o trabalho de administração do acervo.
“Eles permitem controle de entrada e saída dos livros, possibilitam
melhor conhecimento dos interesses de seus usuários e evitam perdas e
prejuízos. Também ajudam na pesquisa e conferência do acervo. Para
isso, não há necessidade de grande investimento financeiro, uma vez
que existem softwares gratuitos que atendem as necessidades de
bibliotecas pequenas e médias”, lembra. Se a biblioteca não possuir
recursos para adquirir um computador, pode-se recorrer a métodos mais
convencionais, como fichas de empréstimo.

Texto de Guilherme Soares Dias publicado na edição de
setembro da revista Gestão Educacional. Contato:
editorial@humanaeditorial.com.br

6 comentários em “Biblioteca escolar”

  1. “Leis, ora as leis” . É uma lei que já existe há algum tempo e os governos vão sempre empurrando com a barriga.Estive na luta para que as bibliotecas tivessem mais respeito por parte dos professores e dos pais e mais reconhecimento por parte da sociedade em geral. O que ocorre é que a população não acha que a biblioteca seja necessária como por exemplo um posto de saúde. Ninguém está disposto a queimar pneus porque não tem uma biblioteca no bairro ou na escola, mas por outras coisas o fazem. Então é isto, o povo merece este descaso do governo. Os políticos não são loucos de lutar por uma coisa que a propria população não pensa que é útil.
    Sou bibliotecário e entendo a necessidade da biblioteca com profissionais adequados ao seu contexto e ao contexto da educação, mas estou cderto de que a luta é muitas vezes inglória.

    • Rudi,

      obrigado por promover essa reflexão. Seu comentário mostra que realmente a situação das bibliotecas em geral é difícil porque nem a população e nem os governos sabem utilizá-las ou mesmo para que conhecem. Como classe profissional acredito que temos nossa parcela de culpa pelo estado em que as coisas estão, mas ao mesmo tempo não conseguimos nos organizar minimamente para mudar situações como a descrita no post.

      Obrigado pela visita!
      Eduardo.

  2. Moro no interior do Rio de Janeiro e gostaria de cursar o curso de biblioteconomia a distancia. Como proceder ???

  3. sou professora de L Port. e a 03 anos readaptada na biblioteca escolar, faço no periodo noturno O 5º semestre de Biblioteconomia. estou buscando materiais para o TCC . e o tema é a a biblioteca escolar , enfocando na sua importancia para incentivar a leitura nos alunos através de projetos…

    • Bom dia, Constance!

      Consulte o Currículo Lattes do Profº Claudio Marcondes, da USP-Ribeirão Preto. Lá você vai encontrar diversos trabalhos sobre biblioteca escolar, que é uma área que ele estuda.

      Obrigado pela visita,
      Eudardo.

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