A mais nova obra pública da artista Regina Silveira é uma espécie de tapete em mosaico para a calçada da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo. Um “poema visual” que faz referência ao bordado em ponto de cruz e coloca a palavra “biblioteca” escrita diversas vezes em diferentes idiomas. “Acho ótimo que as pessoas possam caminhar em cima do trabalho”, afirma Regina Silveira, que vai ligar as duas entradas da instituição – as da Rua da Consolação e Avenida São Luís – com “Paraler”, título de sua intervenção artística a ser construída com pedras de porcelanato no chão da movimentada região da cidade.
A obra, prevista, inicialmente, para ficar pronta em dezembro, ainda começará a ser feita no local, mas nesta quarta à noite, às 19 horas, a artista faz o lançamento desse projeto em evento no hall da Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94, telefone 3256-5270). Na ocasião, ela também autografa o livro “O Outro Lado da Imagem e Outros Textos: A Poética de Regina Silveira” (Edusp), edição que reúne escritos do crítico, curador e poeta Adolfo Montejo Navas.
A referência ao ponto de cruz na trama da obra feita com pedras de seis cores é “dado ligado à alfabetização das mulheres”, diz Regina Silveira. O bordado “se oferece aos pedestres como um poema visual a ser percorrido e lido de muitas maneiras e, ao mesmo tempo, sugere cuidado e desvelo – há muitos séculos aderidos a este fazer artesanal – por nossos passeios e espaços públicos”, continua a artista.
Não é a primeira vez que Regina “borda” um espaço público – há dois anos, ela criou para as fachadas de vidro do Masp, na Avenida Paulista, a obra “Tramazul”, um grande diagrama de bordado de um céu azul, com representações de nuvens, pontos de cruz, linhas e agulhas, feito de faixas de vinil translúcidos com impressões digitais. “Paraler”, criado para a Biblioteca Mário de Andrade, é, agora, uma marca de “carinho pela calçada”, diz a artista.
Segundo o arquiteto Ronald Monreal, responsável pela execução de “Paraler” – e parceiro de Regina Silveira em outros trabalhos públicos da artista -, cerca de 1 mil m² de piso de porcelanato antiderrapante será a área a ser construída na calçada da Biblioteca Mário de Andrade, tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), que aprovou a intervenção. “Não é uma obra complicada, mas estamos respeitando os elementos de acessibilidade do local”, diz Monreal. “Por ser um ambiente público, a maior dificuldade vai ser conciliar as etapas de trabalho sem prejudicar os pedestres.” Enquanto isso, foi montada, na entrada da Biblioteca Mário de Andrade, uma mostra com desenhos, maquetes, escritos e imagens para explicar o projeto de “Paraler”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (AE)
Disponível em: <http://www.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=422110>. Acesso em: 26 set. 2012.