Periscópio Jornal do Povo – 04/02/13
Há cerca de um mês, o prédio onde está localizada a Biblioteca Comunitária Professor “Waldir de Souza Lima”, na rua Floriano Peixoto, 238, Centro, foi vendido. Com isso, o espaço de cultura, debates, demonstrações artísticas, com participação de jovens, famílias, estudantes e até mesmo turistas, terá de sair do local. Por enquanto, não há uma sede para manter suas atividades, iniciadas em 2008.
“O prazo final para nos retirarmos do prédio é dia 13 de fevereiro. Vamos lutar para, quem sabe, poder estender mais uns dias este prazo, mas temos encaixotado todos os livros, DVDs e fanzines (revistas) que haviam sido doados para a Biblioteca”, explica o voluntário José Renato Galvão. Após a saída definitiva do atual prédio, Galvão revela o destino dos milhares de livros, dentre outros materiais pertencentes à Biblioteca. “Como ainda não encontramos um novo espaço para darmos continuidade à biblioteca, nós vamos dividir o material entre os voluntários, que guardarão tudo em suas respectivas casas, até o momento em que pudermos dar sequência ao projeto”.
O também voluntário Sérgio Christo explica as dificuldades em manter a biblioteca e pede ajuda da população. “Desde que começamos esse sonho de levar para toda a população cultura, debates e poder integrar jovens, familiares, a sociedade como um tudo, tivemos dificuldades. Pois sempre tivemos que contar com a ajuda de cada um. Uma pessoa para ceder o espaço, pessoas que doassem livros, DVDs, fanzines, dentre outras coisas, que viessem de forma voluntária para apresentações, simplesmente para ajudar no projeto. E agora a situação é um pouco complicada, pois novamente vamos precisar da ajuda de todos, da união das pessoas para a Biblioteca que batalhamos para o povo, continuar existindo. Sempre fomos muito gratos a todas as pessoas que lutam junto com a gente para que o projeto continue firme e pedimos mais uma vez que essa união exista”.
Para que haja uma nova interação da sociedade em prol da Biblioteca, foi postado um vídeo explicativo na página “Biblioteca Comunitária” na rede social Facebook, falando sobre a importância de participar mais uma vez desse trabalho voluntário tão importante. É o que explica Christo: “Estamos fazendo uma campanha nas redes sociais explicando o que está acontecendo, da importância e de como as pessoas podem ajudar a biblioteca. Felizmente as pessoas já estão divulgando esse vídeo, compartilhando, nos dando apoio nessa luta.”.
Sérgio ainda diz quais são as necessidades da Biblioteca neste momento. “Pedimos que as pessoas que puderem doar seu tempo, venham até o local que permaneceremos até o dia 13 de fevereiro, conheçam nossas ideias e nos ajudem nessa mudança. Pedimos também doações em dinheiro, materiais para construção de uma nova sede ou até mesmo se existir alguém interessado em nos ceder um espaço para recomeçarmos seria muito bom”, comenta o voluntário que completa: “É importante lembrar que mesmo sem lugar fixo, quem quiser entrar em contato para que possamos fazer apresentações teatrais e festas culturais com a intenção de conseguir rendas para um novo local para a Biblioteca, será muito bem-vindo. Seria um bem para todo o povo, que possui essa opção de cultura”.
Para os interessados em realizar qualquer tipo de doação acima citada, é possível entrar em contato pelo e-mail: ajude@comunteca.com.br ou pelo telefone : (11) 98445-6122, com Renato. Quem quiser, até o dia 13 de fevereiro, poderá se dirigir até a Biblioteca Comunitária, entre 14h e 22h, para conhecer o grupo de voluntários, seus projetos e realizar doações.
—
Carta aberta ao povo de Itu
A Biblioteca Comunitária de Itu pode acabar. Mas não deveria.
Somos a realização de um sonho em uma cidade com poucas alternativas de cultura, manifestação artística e educação não formal. Somos uma iniciativa popular construída com a ajuda de toda comunidade, gerida e organizada por uma rede de voluntárias/os desde 2008.
Uma grande campanha de doação de livros construiu todo o nosso acervo, hoje com mais de 15 mil itens, desencadeando uma rede de outras iniciativas em Porto Feliz, Salto e a do bairro São Judas também em Itu.
Nós somos um espaço de cultura e debate (eleitos pelo Ministério da Cultura como ponto de Leitura) até então não visto na cidade, com realização de sarais, exibições do cineclube, oficinas de grafite, fanzine, várias festas culturais, com ampla participação de jovens, famílias, estudantes e turistas. Hoje, temos mais de 600 usuários cadastrados em nosso sistema, além dos assíduos frequentadores.
Infelizmente, nossa casa sede foi vendida. Nossos livros, fanzines, dvds, jornais, estão todos sendo encaixotados, para serem levados à um local que ainda precisa ser construído e, assim, possa abrigar tudo que já construímos até hoje.
Queremos continuar a ser um espaço alternativo para a população da cidade. Queremos que a falta de dinheiro e local não seja um empecilho ao nosso funcionamento, pois o mais importante já temos: braços e sonhos. Dessa forma, pedimos à todos/as que contribuam doando tempo, materiais de construção ou dinheiro para que possamos reformar a nossa futura sede.
Diante de 5 anos de existência – e resistência – temos a certeza de que não queremos parar. Nossa vontade é compartilhar as experiências e alegrias que sempre transbordaram da Biblioteca. Precisamos de um espaço para que continuemos construindo, através da leitura, arte, cultura, ‘um mundo onde caibam vários mundos’, incluindo o seu.
Vamos construí-lo juntas/os?
Boa tarde
Tudo bom
Por favor tenho alguns livros para serem doados, caso vocês tenham interesse como poderei fazer.
Por favor me avisem pelo Whatsapp
01108676 7392
Muito obrigado
Um abraço
Olá, Fernando!
Aqui só divulguei a notícia. Sugiro entrar em contato direto com a biblioteca.
Obrigado pela visita!
Eduardo.
Há falta de interesse cultural para com as Instituições, Bibliotecas e outros Centros de Cultura, nesse país. Descaso e indiferença são os ingredientes desta catástrofe em que se encontram bons profissionais e péssimas estruturas onde, a construção concreta em amplo sentido e a realização dos sonhos… não fiquem nas prateleiras à mercê das traças, cupins e outros “bichos”. Que tenham muita garra, vão à luta, solicita intervenção política nessa situação e o que resta? Pedir doações às Universidades de Itú e regiões vizinhas para que não se transforme em Pesadelos a indiferença cultural em nosso Brasil. Também, que se digne fazer um ambiente no mínimo, acolhedor e enriquecedor para acomodar seus profissionais e melhor atender aos usuários e/ou, frequentadores da Biblioteca em questão.