Plano Distrital do Livro e da Leitura: sonhos à vista

JC e-mail 4669, de 21 de Fevereiro de 2013.

Plano Distrital do Livro e da Leitura deve virar decreto nos próximos
meses e norteará as políticas para a área nos próximos 10 anos

Após um ano inteiro de discussões com diversos segmentos do livro e da leitura no Distrito Federal, as secretarias de Educação e Cultura enviaram ao Governo do Distrito Federal o Plano Distrital do Livro e
da Leitura (PDLL), documento que deve virar decreto nos próximos meses e norteará as políticas para a área nos próximos 10 anos.

Com 54 páginas e uma série de constatações, o PDLL funciona como um
diagnóstico da atual situação do livro e da leitura no DF, mas também
como uma indicação dos caminhos que serão trilhados pela Secretaria de Cultura nos próximos anos. O plano começou a tomar forma no ano
passado, durante uma série de reuniões que envolveu representantes de
segmentos públicos e privados em debates sobre os problemas e
necessidades da área.

Segundo Miriam Raposo, diretora de Políticas do Livro e da Leitura daSecretaria de Cultura e coordenadora do PDLL, o documento foi
construído com base nas informações fornecidas pelos segmentos, mas
alguns pontos assustaram editores e escritores. O poeta Gustavo
Dourado, presidente da Academia Taguatinguense de Letras, conta que
nunca foi chamado para uma reunião. “Nunca fomos inseridos e não tenho muito conhecimento desse plano. Achei inócuo, vazio. Para nós, não
chegou”, diz.

Anderson Batista de Melo, proprietário da editora Hinterlândia,
reclama que o plano original foi mutilado. “O PDLL como foi discutido
com a sociedade civil em 2011 foi todo mudado, desestruturado. A
primeira coisa que soa absurda são essas feiras do livro históricas
que mobilizam toda a sociedade. Fiquei imaginando por que eles fizeram isso”, diz Batista. De fato, o plano aponta Taguatinga e Sobradinhocomo sedes de uma “feira do livro histórica que mobiliza a cidade”.

Falhas no documento
A coordenadora do PDLL admite que possa haver falhas no texto – forammais de 15 versões até se chegar ao documento final – e que, se
constatadas, elas serão corrigidas. As informações teriam vindo das
gerências de cultura das Regiões Administrativas, mas o artista
Toninho de Souza, gerente de cultura de Sobradinho 2, garante que
nunca houve feira do livro de grande expressividade na cidade.
“Tivemos duas feiras pequenas, feitas na Galeria Van Gogh”, diz o
pintor.

O documento também institui a Bienal do Livro e da Leitura como evento fixo no calendário brasiliense, mas Batista sentiu falta de atenção
para com as ações destinadas ao desenvolvimento da cadeia do livro e da leitura. “A Bienal foi feita sem debate, sem discussão prévia sobre qual seria a característica dela, sem articulação com a Secretaria de Educação. Dos R$ 3 milhões que eles tinham conseguido para que os professores comprassem livros, só conseguiram gastar R$ 1,5 milhão
porque a Secretaria de Educação estava desmobilizada. Não foram
criados pontos, pressupostos. Ela aconteceu como um evento”, ressalta
Batista.

Além de ser um grande diagnóstico, o PDLL também aponta os caminhos
que serão seguidos pelas políticas para o livro e para a leitura
desenvolvidas pelo GDF. O texto é geral e indica quatro eixos que se
desdobram em diretrizes e linhas de ação. Entre os pontos principais,
estão a democratização do acesso à informação, o fomento à leitura, a
valorização institucional da prática e o desenvolvimento da economia do livro. Desde o final de 2012, cada segmentos trabalha no detalhamento das necessidades e em como alcançá-las. “Estamos na fase da execução”, garante Miriam, que deve receber as propostas até março.

(Nahima Maciel/ Correio Braziliense)

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