A sociedade da informação é a sociedade de quê?

A primeira leitura do título deste post, de autoria de Delmo Mattos*, foi um choque. Termo tão comum, “sociedade da informação” estigmatizou nossa sociedade como produtora, receptora e consumidora de informação. Não aborda, porém, o outro lado da informação: o ruído, o excesso, a infotoxicação.

É muito mais confortável dizer “sociedade da informação” porque o termo dá tranquilidade em afirmar que ainda somos “sociedade de alguma coisa”: éramos uma “sociedade agrícola”, tornamo-nos uma “sociedade industrial” e, hoje, pertencemos à “sociedade da informação”. A verdade é que vivemos num período em que não mais sabemos se o meio é a mensagem ou se a mensagem é a mensagem, pois a interrelação entre mídias, suportes, signos, símbolos e significados deturpa a mensagem.

Outra verdade seja dita: hoje, a informação é a desinformação. A confusão mental que nos atinge nada mais é do que a dificuldade em distinguir a informação de seu ruído, a informação de seu silêncio, a informação de sua representação, porque os próprios meios para se lidar com a informação estão provocando seu lento e gradual desaparecimento, fazendo-nos naufragar e afundar num mar infotóxico. Entendam-se por meios as palavras já citadas “mídias” e “suportes”.

É, por isso, urgente uma educação para a informação a fim de levá-la onde haja desinformação, conteúdo onde haja suporte, significado onde haja mensagem. Não se espera, porém, eliminar a desinformação, visto que é um elemento constituinte de nossa sociedade e, por isso mesmo, essencial para a compreensão de nós mesmos enquanto partícipes dessa sociedade.

* MATTOS, D. Filosofia da informação. Filosofia: Ciência & Vida. n. 90, jan. 2014, p. 14-22.

2 comentários em “A sociedade da informação é a sociedade de quê?”

    • Olá, Maurício!

      Obrigado! As vezes, em alguma leitura, surgem ideias para posts como esse. Em breve escreverei outros decorrentes de outras reflexões.

      Eduardo.

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