Deputados Federais republicanos defendem o uso das expressões “imigrantes ilegais” ou “aliens” (estrangeiros)
O Congresso pode até não chegar a um acordo sobre como reformar o sistema migratório, o código tributário ou até mesmo aprovar o orçamento, entretanto, é capaz de determinar à Biblioteca do Congresso como se referir aos imigrantes indocumentados. É dessa forma que republicanos conservadores estão respondendo à decisão da Biblioteca em banir o uso do termo “imigrante ilegal” e substituí-lo por “não cidadãos” ou “imigração não autorizada” no que diz respeito a catálogos e pesquisas. A mudança é resultado de um pedido feito pela Associação Americana de Bibliotecas com o objetivo de tornar o termo menos crítico.
“Essa mudança desnecessária de política por parte da Biblioteca do Congresso representa muito do que está enfurecendo os contribuintes com relação a Washington-DC”, disse a Deputada Federal Diana Black (R-Tenn.). “Ao trocar um termo coerente por expressões de base política, eles estão cedendo aos interesses da esquerda e tentam mascarar a ameaça grave que a imigração ilegal representa à nossa economia, segurança nacional e soberania”.
A Biblioteca realiza mudanças nos catálogos entre 3 mil a 4 mil vezes ao ano, detalhou a Deputada Federal Debbie Wasserman Schultz. “O negócio da Biblioteca tem a ver com linguagem e nomenclatura, portanto, ela deveria ser livre para tomar essas decisões fora do espectro político”, rebateu, acrescentando que apoia a suspensão das palavras arcaicas “negros” e “orientais”.
“O que é tão controverso sobre pedir a Biblioteca que usem referências encontradas no Código dos Estados Unidos?” Questionou o Deputado Federal Tom Graves (R-Ga.).
Em 26 de março, a Biblioteca divulgou que “a expressão estrangeiros ilegais tornou-se pejorativa nos últimos anos” e acrescentou que “alienígenas” (aliens) pode ser confuso, pois também significa seres de outro planeta.
A mudança foi sugerida por um grupo de alunos do Dartmouth College, que pediram a Biblioteca do Congresso para excluir o termo. A coalisão de estudantes, conhecida como “Dartmouth Coalition for Immigration Reform, Equality and DREAMers (CoFIRED), recebeu o apoio da Associação Americana de Bibliotecas.
Melissa Padilla, estudante no último ano da Universidade de New Hampshire, recorda-se no ano de caloura, quando ela “decidiu explorar sua identidade como imigrante indocumentada”. Enquanto pesquisava o assunto, a jovem percebeu que lia com frequência a expressão “estrangeiros ilegais”, então, contatou a CoFIRED e eles apresentaram o pedido a Biblioteca do Congresso em 2014.
“Eu acho que uma universidade deveria estar livre de frases racistas as quais eu cresci ouvindo”, disse Padilla.
A Biblioteca do Congresso estabeleceu em seu catálogo a expressão “aliens, ilegal” em 1980 e alterou para “illegal aliens” em 1993.
“O termo ‘illegal aliens’ assumiu um tom pejorativo nos últimos anos e, em resposta, algumas instituições determinaram que parariam de usá-lo”, conforme o sumário executivo. “Por exemplo, em abril de 2014 a Associated Press anunciou que ‘ilegal’ não seria utilizado para descrever qualquer indivíduo”.
Vários veículos de comunicação também adotaram a mudança, incluindo o Los Angeles Times, que não utiliza mais “ilegal” para se referir às pessoas, embora ainda use o termo “imigração ilegal”.