Bibliotecária E contadora de histórias!

O Mundo Bibliotecário lançou uma série de posts com bibliotecários envolvidos em experiências profissionais diferentes em ambientes que não somente bibliotecas (confira o primeiro post da série: Bibliotecário olímpico!).

Desta vez, Aline Botelho, bibliotecária e contadora de histórias, enviou seu depoimento no qual fala de sua rica experiência com o trabalho de contação. Confira!

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Depoimento por Aline Botelho

Meu nome é Aline e sou natural de Ribeirão Preto (SP). Em 2008, fiquei frente a frente com uma escolha difícil: qual curso escolher para prestar o vestibular? Como toda adolescente que detestava exatas e biológicas, peguei os cadernos das faculdades e fui olhando uma por uma das muitas opções de carreiras (da área de humanas) que poderia escolher, afinal de contas essa foi a melhor maneira que achei de conhecer as profissões, uma vez que estava completamente perdida.

Minha mãe trabalha em uma biblioteca e na época me falou sobe o curso de biblioteconomia, pelo qual me interessei e foi esse o escolhido, já que não tinha estatística (não sabia que teria que estudar bibliometria rs) e anatomia. Prestei o tão temido vestibular e confesso que ver meu nome na lista dos aprovados do curso de biblioteconomia da UNESP- Marília, turma de 2009, foi uma das melhores sensações da minha vida!

Sozinha, fui morar em uma cidade distante 280 km de qualquer parente. Para uma pessoa que não pegava nem ônibus sozinha foi bem assustador. Primeiro ano de faculdade, ok. No entanto, no segundo ano me deparei com muitas dúvidas quanto a carreira e insegura quanto ao lugar, as pessoas que morava e convivia. Não sabia bem se era aquilo mesmo que queria e pensava: “quem nasce e diz ‘quero ser bibliotecária’?”. Sempre escutamos as crianças dizerem que querem ser médicas, advogadas, professoras, agora… bibliotecária??? O que eu estava fazendo ali?? Onde iria trabalhar?? Era isso mesmo que queria fazer para o resto da vida?

Não pensei duas vezes: tranquei o curso e voltei para minha cidade. Em Ribeirão trabalhei como voluntária numa biblioteca pública da cidade e vivi na pele alguns problemas e preocupações de uma instituição do porte daquela biblioteca, como a falta de verba e  de interesse dos órgãos da cidade em ajudá-la. O bibliotecário André fazia um trabalho fantástico com o pouco recurso que tínhamos. Depois de muito conversar com meus pais e uma amiga que na época fazia mestrado, resolvi voltar para a faculdade e decidi que estudaria no trabalho de conclusão de curso as bibliotecas públicas e as atividades culturais e de disseminação da informação. Ao terminar a faculdade, voltei para casa e fui trabalhar em uma biblioteca universitária da minha cidade. Gostava muito do meu trabalho, podia dizer que era feliz sendo bibliotecária, mas me faltava algo: gostava da minha profissão, mas ainda não havia me encontrado profissionalmente.

Sempre gostei de crianças e por curiosidade, fui fazer um curso de Contação de Histórias em São Carlos, no SENAC, já que essa é uma cidade vizinha da minha. Comecei o curso e me encontrei: a partir dali sabia exatamente o que queria fazer, não queria ser apenas bibliotecária, queria ser Bibliotecária E contadora de histórias para crianças! Em 2014 comecei os cursos, e desde então venho me aprimorando: atualmente, faço mestrado em Ciência da Informação na UNESP de Marília e estudo a contação de histórias em bibliotecas públicas. Além disso, faço algumas ações tanto em Marília quanto em Ribeirão Preto, e em ambas já contei diversas histórias em diversos lugares como bibliotecas públicas, museus, bibliotecas escolares, parques da cidade, entre outros.

Como contadora de histórias consigo chegar até as crianças, nossos futuros leitores, consigo mostrar para elas o quanto é gostoso ler e que mesmo lendo dentro do seu quarto, através das histórias elas podem estar onde quiserem e conhecerem personagens incríveis e envolventes. Com a contação de histórias consigo lidar com sentimentos, medos, angústias, alegrias com as crianças e, de verdade: aqueles olhinhos brilhando durante a contação e o abraço depois dela, é sensacional!

Aprendi que todos trazemos dentro de nós um contador de histórias, basta despertá-lo, e que fazer aquilo que você ama não tem preço. Antes dizia que era feliz sendo bibliotecária, hoje posso dizer que sou completamente realizada sendo contadora de histórias!

Um beijo grande,

Aline.

Ah, se interessar, curtam minha página no Facebook: https://www.facebook.com/contosfabulosos/.

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O depoimento da Aline é muito inspirador para todos os bibliotecários que querem procurar novas frentes de atuação, não é mesmo?

A busca por novos caminhos na profissão deve partir sempre do profissional de modo que ele possa se realizar e, assim, fazer um bom trabalho para sua comunidade!

Aline, fica aqui mais uma vez  meu agradecimento por compartilhar sua experiência e desejo sucesso no seu trabalho!

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