Muitos recorrem à leitura para desligar-se do mundo real e conhecer outros universos, mas o que a maioria dos “devoradores de livros” não sabe, é que a função da leitura vai muito além do deleite pessoal. Isso porque, hoje em dia, a prática literária já é utilizada no tratamento de problemas psicológicos. A origem dessa técnica, ainda pouco difundida no Brasil, é histórica. “Os egípcios, gregos e romanos já compreendiam a leitura como um remédio eficaz para o tratamento das dores da alma. Em 1272, os hospitais orientavam a seus pacientes a leitura do alcorão. E mesmo posteriormente, durante a Primeira Guerra Mundial, a biblioterapia ajudou a amenizar os traumas sofridos pelos soldados que participaram do confronto”, explica a biblioteconomista Isabel Cristina Venere, de 47 anos, que defendeu tese sobre o assunto.
A ampliação da percepção e da sensação de independência e a redução de medos e ansiedades são apenas alguns dos benefícios proporcionados pela biblioterapia. “A leitura age no equilíbrio emocional dos indivíduos, levando-os ao relaxamento extremo e estimulando a memória, sem falar que sua prática proporciona benefícios a todas as faixas etárias”, reitera a especialista.
A coordenadora de eventos, Regiane Rodrigues Rossini, de 46 anos, começou a ler frequentemente ainda jovem e logo descobriu o potencial terapêutico da leitura.
“Em agosto de 2012 sofri um derrame pulmonar e fiquei sem poder andar muito por algum tempo. Nesse período, como não podia fazer exercícios físicos, comecei a participar de um clube de leitura. Além de fazer novas amizades, o clube ampliou meus horizontes literários e, aos poucos, fui voltando às minhas atividades normais”, afirma, ressaltando o quão prazerosa pode ser a prática.
Efeitos
Os efeitos da biblioterapia se devem à imersão proporcionada pela literatura. “O ser humano acaba tendo um envolvimento emocional com o texto, aplicando o que lê a sua própria vida, é uma espécie de catarse literária”, acrescenta a biblioteconomista. Mas o simples ato de ler não corresponde à pratica da biblioterapia. “É algo bem mais complexo, uma vez que o material utilizado sempre é escolhido por uma equipe de profissionais, que estudam a situação de cada paciente”, frisa Isabel.
Ainda que sua eficácia seja comprovada, a biblioterapia não substitui nenhum tratamento médico. De acordo com o psicólogo Jefferson Willian Bucci, a biblioterapia é uma prática auxiliar. “Não se trata de uma prática psicológica, mas sim de uma terapia complementar, que pode auxiliar na solução dos problema da mesma forma que a prática de esportes, ou a acupuntura, por exemplo, portanto, não dispensa outros tratamentos de forma alguma”, esclarece.
Realmente, a biblioterapia funciona…A leitura me relaxa, me faz questionar e solucionar meus problemas…sou uma leitora voraz…rsrs