São Miguel Arcanjo (SP) tem pouco mais de 30 mil habitantes e uma das colônias japonesas mais antigas do país. Conheça o acervo da cultura oriental que se mantém viva por gerações na cidade.
Por Airton Salles Jr.*, TV TEM

Os Jogos Olímpicos de Tóquio já começaram e muitos atletas brasileiros atravessaram o globo para participar da competição. Mas o que muita gente não sabe é que tem muito do Japão no Brasil, e uma pequena cidade no interior paulista guarda milhares de curiosidades sobre o país sede das Olimpíadas.
A maior biblioteca de livros em japonês do Brasil fica em São Miguel Arcanjo, município com pouco mais de 30 mil habitantes e uma das colônias japonesas mais antigas do país. O espaço tem 650 metros quadrados com um acervo com mais de 75 mil títulos.
Atualmente, em São Miguel Arcanjo, vivem aproximadamente 50 famílias japonesas que trabalham basicamente com atividades agrícolas e fazem questão de preservar parte da cultura oriental, que chegou junto com os primeiros habitantes em 1960.
Uma das formas de manter viva a cultura japonesa, mesmo com as novas gerações deixando a cidade para estudar e morar nos grandes centros, é com os milhares livros em japonês disponíveis na biblioteca do município.

De acordo com a Midori Nishida, que frequenta o espaço desde a adolescência e hoje é coordenadora da biblioteca, o acervo é mais procurado por idosos. Apesar disso, muitos casais também costumam levar as crianças para conhecerem os livros.
“Quero que seja um lugar de lazer da comunidade e de fora também. Quero manter a biblioteca no futuro, mas vamos ver”, declara Midori.
Acervo
A biblioteca foi inaugurada em 1983. Os primeiros livros chegaram a São Miguel Arcanjo por meio de doações, trazidos em navios e aviões.
Atualmente, os mais de 75 mil títulos estão todos catalogados e divididos em setores e números. Há livros sobre turismo, artes, arquitetura, religião, biografias, romances e mangás, que são os mais procurados.

Nem mesmo as bibliotecas da Fundação Japão e da Casa da Cultura Japonesa, que fica dentro da USP na capital, têm tantos livros disponíveis.
O fundador da biblioteca Tetsurito Amano tem 83 anos e contou à TV TEM que decidiu construir o espaço para incentivar as novas gerações a não esquecerem a cultura japonesa.
A aposentada Maymi Ota, por exemplo, é frequentadora ativa da biblioteca em São Miguel Arcanjo e, aos 85 anos, costuma retirar livros pelo menos uma vez por semana.
“Lendo livros eu acabo esquecendo sobre a pandemia. Aí esqueço o tempo e acabo até esquecendo de almoçar”, comenta a aposentada, por meio da tradutora.
*Com informações de Matheus Arruda e Malu Martins.