Unicamp tem 6 mil partituras de obras contemporâneas importantes

iG Paulista – 05/01/2014 – 07h00 |
Marita Siqueira | marita.siqueira@rac.com.br

Partituras guardadadas no Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp

Foto: Divulgação/MariliaVasconcellos
Partituras guardadadas no Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp

Um acervo com 6 mil partituras de obras importantes da produção musical contemporânea está a disposição para pesquisa, pronto para ser “ouvido”, no Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp (Ciddic). Nascido da união entre o Núcleo de Integração e Difusão Cultural (Nidic) e o Centro de Documentação de Música Contemporânea (CDMC), o Ciddic, além das partituras, dispõe no acervo de 150 livros e 1,2 mil discos de compositores dos séculos 20 e 21, reconhecidos no Brasil e no Exterior, além de ser responsável pelas atividades da Orquestra Sinfônica da Unicamp e da Escola Livre de Música (Unibanda).

Esse trabalho que rendeu à instituição o prêmio especial de música erudita da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), anunciado no final do ano passado, cuja cerimônia de entrega será realizada no próximo mês de março, no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, em São Paulo, em data ainda não divulgada.

As preciosidades reunidas na coleção do Ciddic vão desde uma partitura do brasileiro Almeida Prado (1943-2010) escrita em guardanapos, aos traçados nervosos do italiano Adriano Guarnieri (1947). Trabalhos do grego Iánnis Xenákis (1922-2001), do judeu húngaro György Ligeti (1923-2006), da suíça de origem chinesa Tona Scherchen-Hsiao (1938), dos franceses M. Levinas (1949), Paul Mefano (1937) e Gerard Grisey (1946-1998), entre outros, também estão lá.

São obras de quase 200 compositores de várias nacionalidades. Porém, o mais procurado para consulta é mesmo Almeida Prado, segundo a diretora do Ciddic, Denise Garcia. “De longe ele é o mais procurado. O acervo tem muitas obras, de muitos compositores, mas poucos têm o número tão expressivo quanto o de Almeida Prado”, diz ela, referindo às 400 partituras doadas à instituição pelo compositor, que foi professor do curso de música do Instituto de Artes (IA) da Unicamp durante 25 anos até sua aposentadoria, em 2000.

Os esboços escritos em guardanapos foram reunidos e fizeram parte da composição ‘Flor do Carmelo’. Curiosamente, junto aos guardanapos, o músico deixou orações mimeografadas. Além das partituras para variadas formações instrumentais, Almeida Prado pintou aquarelas nas capas ou nas folhas de rosto.

Quando se mergulha no universo do Ciddic, encontra-se, por exemplo, manuscritos feitos a lápis pela compositora e pianista mineira Dinorah de Carvalho, fundadora da primeira orquestra feminina da América Latina. Ela também foi a primeira mulher a dirigir uma sinfônica no País e a entrar para a Academia Brasileira de Música (206 partituras no total).

Cecília Stucchi é a responsável pelo tratamento técnico do patrimônio musical, realizando a conservação preventiva e o restauro das partituras do Ciddic. Com materiais diversos, como pincel, pó de borracha, bisturi, pinça, espátula e luvas, entre outros, logo no primeiro contato com a obra Cecília faz o diagnóstico, a higienização e, por fim, a conservação.

Atualmente, a restauração é menos agressiva, revela a profissional, que já foi produtora da Sinfônica da Unicamp. “Conseguimos, hoje em dia, manter a integridade da partitura sem perder sua identidade; ela pode ter cor amarelada e ser perfeitamente fonte de pesquisa”, destaca.

Disponível em: <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/01/ig_paulista/140489-unicamp-tem-6-mil-partituras-de-obras-contemporaneas-importantes.html>. Acesso em: 5 jan. 2014.

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