O funcionamento de uma biblioteca não é nenhum grande mistério. Devidamente cadastrado, o leitor dirige-se à sede da instituição, seleciona um livro e toma-o emprestado. Durante séculos a humanidade compartilhou o acesso ao conhecimento dessa forma, criando centros aos quais qualquer um pode ir para encontrar aquilo que deseja saber. Mas, para manter essa instituição viva, não basta pensar a biblioteca em sua materialidade. É preciso levar em consideração que vivemos na era do digital.
Como funciona a biblioteca quando os livros, filmes e demais itens de seu catálogo estão disponíveis em arquivos digitais? A grosso modo, a resposta é: exatamente do mesmo jeito. Os interessados pelo conteúdo vão à sede da instituição (nesse caso, um site, que a representa no mundo virtual), seleciona um conteúdo e toma-o emprestado. A diferença aqui é que, em vez de um objeto físico, esse leitor empresta um arquivo, que, por motivos de direitos autorais, expira após o tempo do empréstimo.
Esse modelo já existe fora do Brasil. Muitas bibliotecas dos Estados Unidos já trabalham com bibliotecas online. No país, há apoio, inclusive, das editoras de livros. Elas vendem a essas instituições livros digitais para empréstimos. Essas cópias têm limites de leitura, criados com base no tempo que dura um livro físico, e expiram, tornando-se arquivos inválidos quando gente demais já teve acesso a ele. A ideia é fruto de uma negociação entre bibliotecas e editoras e permite que ambas continuem ofertando seu produto no século XXI, sem qualquer prejuízo para o leitor.
Só descrever essas bibliotecas norte-americanas já me faz pensar em como seria maravilhoso ter essa comodidade por aqui. Mas talvez a palavra-chave da questão seja comodidade. Às vezes parece que ao leitor brasileiro é negada qualquer comodidade. São poucas bibliotecas e um número menor ainda de livrarias. Quem sabe não é por isso que tanta gente diz que não há leitores no Brasil. Não conseguem vê-los.
Mas o leitor, esse ser arredio, que tende a preferir passar seu tempo entre estantes, imerso em histórias, pode até parecer estar sumido, mas, se os e-mails enviados a essa colunista servem de exemplo, estão muito presentes no mundo das letras. Querem saber o que tem de bom para ler. E estão muito interessados em entender como fazer das bibliotecas um centro que recebe e ajuda todo tipo de gente. Inclusive aquelas que preferem existir no meio virtual.
Disponível em: <http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fl%C3%A1via-denise/biblioteca-na-era-digital-1.1508298
>. Acesso em: 15 ago. 2017.